terça-feira, 18 de setembro de 2012

Adoro os holandeses

Já o disse aqui, mas reitero: adoro os holandeses! Gosto muito da arquitetura das cidades, dos hábitos e costumes, da abertura de mentalidade e da simpatia das pessoas, mas sobretudo do pragmatismo que assumem. Na Holanda facilmente se vê um engravatado a ir de bicicleta para o trabalho. Não há a ideia de que os transportes públicos são para o desgraçadinho que não tem dinheiro para ter a sua viatura. São inteligentes e rentabilizam tudo o que têm e, de facto, vi muitas lojas de artigos usados, povoadas por gente de toda a espécie, da tia ao alternativo.Em boa verdade se não fosse portuguesa gostava de ser holandesa. 
Isto tudo para dizer que recebi no mail este texto, que quis partilhar convosco. Concordo com tudo o que a Helena Rico, portuguesa e residente na Holanda, escreveu:


"A propósito do desafio sobre os novos hábitos de poupança na abertura do ano letivo, resolvi partilhar a minha experiência uma vez que vivo no norte da Holanda, onde tudo se passa de modo completamente diferente.

Em primeiro lugar, os livros são gratuitos. São entregues a cada aluno no início do ano letivo, com um autocolante que atesta o estado do livro. Pode ser novo ou já ter sido anteriormente usado por outros alunos. No final do ano, os livros são devolvidos à escola e de novo avaliados quanto ao seu estado. Se por qualquer razão foram entregues em bom estado e devolvidos já muito mal tratados, o aluno poderá ter de pagá-los, no todo ou em parte.

Todos os anos, os cadernos que não foram terminados voltam a ser usados até ao fim. O contrário é, inclusivamente, muito mal visto. Os alunos são estimulados a reusar os materiais. 
Nas disciplinas tecnológicas e de artes, são fornecidos livros para desenho, de capa dura, que deverão ser usados ao longo de todo o ciclo (cinco anos).

Obviamente que as lojas estão, a partir de Julho/Agosto, inundadas de artigos apelativos mas nas escolas a política é a de poupar e aproveitar ao máximo. Se por qualquer razão é necessário algum material mais caro (calculadora, compasso, por exemplo), há um sistema (dinamizado por pais e professores, ou alunos mais velhos) que permite o empréstimo ou a doação, consoante a natureza do produto.

Ao longo do ano, os alunos têm de ler obrigatoriamente vários livros. Nenhum é comprado porque a escola empresta ou simplesmente são requisitados numa das bibliotecas da cidade, todas ligadas em rede para facilitar as devoluções, por exemplo. Aliás, todas as crianças vão à biblioteca, é um hábito muito valorizado.

A minha filha mais nova começou as suas aulas de ballet. Não nos pediram nada, nenhum fato nem sapatos especiais. Mas como é universalmente sabido, as meninas gostam do ballet porque é cor-de-rosa e porque as roupas também contam. Então, as mães vão passando os fatos e a minha filha recebeu hoje, naturalmente, o seu maillot cor-de-rosa com tutu, e uns sapatinhos, tudo já usado. Quando já não servir, é devolvido. E não estamos a falar de famílias carenciadas, pelo contrário. É assim há muito tempo.

O meu filho mais velho começará a ter, na próxima semana, aulas de guitarra. Se a coisa for levada mesmo a sério, poderemos alugar uma guitarra ou facilmente comprar uma em segunda mão.

Este sistema faz toda a diferença porque, desde que vivo na Holanda, terminou o pesadelo do início do ano. Tudo se passa com maior tranquilidade, não há a febre do "regresso às aulas do Continente" e os miúdos e os pais são muito menos pressionados. De facto, noto que há uma grande diferença se compararmos o nosso país e a Holanda (ou com outros países do Norte da Europa, onde tudo funciona de forma idêntica). Usar ou comprar o que quer que seja em segunda mão é uma atitude socialmente louvável, pelo que existem mil e uma opções.  Não só se aprende desde cedo a poupar e a reutilizar, como a focar as atenções, sobretudo as dos mais pequenos, nas coisas realmente importantes.

Portugal não é um país rico! É, sim, um país subdesenvolvido. Nos países subdesenvolvidos, cada um quer ser melhor que o outro. É assim que o consumismo dispara de modo absolutamente estúpido. Em Portugal, ir para a escola com um livro usado?! Nem pensar!... O meu menino não é nenhum "pelintra"!... ".

Passo a vida a dizer isto aos meus alunos: usem os materiais dos anos anteriores. Nunca peço cadernos novos e não deixo que escrevam nos manuais, para poderem passá-los a outros. É um facto de que os materiais, como as roupas e o calçado, são um exercício de vaidade e já vi alunos a gozarem com outros porque "tens um caderno da marca Continente".  Se eu mandasse na educação instituía materiais iguais para todos e uniforme obrigatório.  Mas como sou uma reles cidadã anónima, posso apenas esperar que as mentalidades se alterem, Pode ser que com a crise isso comece a acontecer.
Não seria nada mal pensado criar uma petição para a reutilização de manuais escolares. Quem sabe não ponho mãos à obra nisso!

1 comentário:

Go disse...

Ainda não entrei nessa fase, mas p o ano o meu Tomás já entra p a primária. Estou nessa!!! Faça a petição que eu assino!!!! Adorei a ideia holandesa :)