sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Início de aulas

Graças a Deus desta vez não fiz parte da estatística dos professores que ficaram sem colocação. 37000, é desesperante. Fiquei na escola do ano anterior, fui recebida com abraços e sorrisos, reconheci rostos e não há nada mais gratificante do que voltar a um local que sentimos nosso. E no in between cruzei-me com colegas, que fizeram parte da minha vida durante um ano, com quem partilhei alegrias e tristezas, que não se encontravam lá para celebrar, mas para levantar os papeis para o desemprego. E lamentei por eles e por todos nós.Tantos anos investidos, anos em que poderíamos ter feito tanta coisa, mas tudo sacrificamos por um sonho, pelo conhecimento e pelo reconhecimento que nunca chegou. Fizemos tudo certo, na confiança de que haveria a recompensa da segurança futura, mas valeu de muito pouco. Resta a cultura, o canudo que atiramos para o fundo de uma gaveta a ganhar mofo como se nada representasse, a memória dos anos inesquecíveis que vivemos, dos amigos que fizemos e que perdemos com a distância, a rotina, o definir de novas etapas. E como tenho saudades dos tempos em que a minha maior preocupação era o que iria vestir para uma noite de farra e de copos (os meus eram mais de coca-cola). Tudo é mais simples quando somos jovens e inconsequentes. Crescemos, entretanto, e aprendemos que os contos de fada acalentaram apenas a alma e que a vida real é cruel, dura e crua, insípida muitas vezes de sentido e carcereira dos sonhos que já não nos permitimos ter. E, por isso, sinto um misto de felicidade e tristeza: alegria por ter um emprego para onde regressar, desânimo por perceber que ter um emprego com prazo de validade é tudo o que posso ambicionar.
O ano iniciou a doer, com muito trabalho na escola, mas é para isso que ali estou: para trabalhar. E trabalhei...muitas horas ontem, mais horas ainda hoje e vou trabalhar sempre com o mesmo afinco, porque por muito cansada que esteja não me posso lamentar, pois 37000 colegas meus gostariam de sentir hoje o meu cansaço.
Ontem foi também o dia em que o meu pequenino foi pela primeira vez à escola nova. Estava com o meu coração apertadinho, mas ele adaptou-se muito bem, deu-se de imediato às pessoas e agora acorda com vontade de ir para a "escola gira", como lhe chama. Os meus receios acalmaram-se e ainda que seja demasiado cedo para tirar conclusões parece-me que tomamos a decisão certa. É uma nova etapa...que seja excecional!

3 comentários:

Unknown disse...

Este post fez-me chorar. Realmente é uma profissão a nossa, gratificante e ingrata. Eu apesar de já estar na carreira, estou colocada a 90 km de casa e faço um esforço enorme para trabalhar e não se perspectiva o dia de amanhã. Mas para voltar para casa e sentir o calor da minha familia, sou condutora e professora. Mas não devemos perder a esperança de dias melhores

Teresa disse...

Que bom, q bom, q bom!!!!
Espero q amanhã possa dizer o mm em relação ao 1º dia de escola.... (suspiro)
bjss e boa semana!

susana disse...

olá borboleta :)
que boas noticias!!!
teres ficado colocada e esse pequenino ter gostado da escola, é tão bom quando sabemos que eles estão bem e felizes! o dudu só vai começar para a semana...
abraço grande